Neutralização de Carbono com Segurança Jurídica

Um estudo realizado por pesquisadores do Programa de Conservação do tatu-canastra do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) detectou que o Cerrado de Mato Grosso do Sul sofre uma ameaça iminente de perder mais um de seus integrantes. Segundo as análises feitas, o bioma no estado conserva menos de 70 fragmentos ideais para que os tatus-canastra sobrevivam, diante dos padrões já observados nesses animais no Pantanal.

“Sabíamos que, no Pantanal, a viabilidade da espécie não estava ameaçada a curto prazo. Mas no Cerrado, pelo que líamos e víamos, sabíamos que a situação era urgente. Então a primeira pergunta que a gente queria fazer foi: existe ainda tatu-canastra do Cerrado do Mato Grosso do Sul? E onde? ”, explica o presidente do ICAS e fundador do Projeto Tatu-canastra, Arnaud Desbiez.

Para encontrar as respostas, 37 municípios (22 no Cerrado e 15 na Mata Atlântica) dos 85 que compõem o estado do Mato Grosso do Sul foram selecionados aleatoriamente. “Dividimos esses locais em microbacias e vimos a porcentagem de área nativa que ainda restava em cada uma delas. Ranqueamos essas áreas, falamos com os proprietários e íamos visitar o fragmento andando e procurando por sinais do tatu-canastra”, comenta o pesquisador.

A busca por evidências no ambiente é um padrão ao lidar com essa espécie. Considerada extremamente rara e difícil de ver por ser noturna e solitária, as pistas de sua ocorrência se constituem pela forma de se alimentar e abrigar. Com uma dieta voltada a formigas e cupins, para atingir esses insetos, o tatu-canastra cava. Além disso, esse animal passa o dia inteiro embaixo da terra, nas tocas. Dessa forma, as evidências de escavações são determinantes para documentar a presença ou ausência dos tatus-canastra nos locais.

A análise no Cerrado revelou uma situação crítica para a ocorrência da espécie no estado do Mato Grosso do Sul. Distribuído em pequenas e fragmentadas áreas, o tatu-canastra tem o maior remanescente de habitat com pouco mais de 170 km², uma área equivalente a 17 mil campos de futebol e capaz de abrigar menos de sete indivíduos da espécie, segundo os padrões de uso do espaço do animal já observados no Pantanal.

Tatu-canastra tem proporções semelhantes às de uma criança de 13 anos e, portanto, depende de muitos recursos do meio — Foto: Arte/TG)

“O resultado assustou muito, porque a gente viu que tinha menos de 70 fragmentos do tamanho da área de vida do tatu-canastra no Pantanal. A pesquisa mostra que essa espécie está muito ameaçada no Cerrado e que o habitat está muito fragmentado. Isso significa que, para trafegar de um fragmento para o outro, o tatu-canastra tem que atravessar rodovias e grandes áreas de pastagem, correndo o risco de ser perseguido, caçado, atropelado ou até atacado por cães, uma situação extremamente preocupante”, afirma Arnaud Desbiez.

O problema toma ainda outras proporções dada a baixa velocidade de reprodução da espécie. Segundo estudos do Projeto, o tatu-canastra atinge a maturidade para se reproduzir apenas após os sete anos de vida e dá origem a somente um filhote a cada gestação, um processo que ocorre de três em três anos. “É uma espécie que não tem a capacidade de recuperar ameaças e nos dá medo que nos próximos 15 a 30 anos o tatu-canastra possa se extinguir”, reforça o fundador do Projeto.

Buscando reverter esse cenário, os pesquisadores trabalham agora para entender quantos indivíduos sobrevivem no Cerrado e quais estratégias de manejo podem ser aplicadas para conectar os fragmentos de habitat existentes. O estudo também reforça a necessidade de que o bioma Cerrado se torne uma prioridade nas ações de conservação para que a espécie não siga as tendências já documentadas na Mata Atlântica, onde são considerados extremamente raros e passaram a ser classificados como Criticamente em Perigo de extinção.

FONTE: G1 (www.g1.globo.com)

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